(texto enviado para publicação no jornal Público - 11.06.2014 - e não publicado)
Texto enviado em Outubro e Novembro para os jornais Expresso e Público e não publicado.
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Etiquetas: fotografia, Sines
Etiquetas: In Memorian
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Estes são "Os Livros da Minha Vida" por João do Ó Pacheco:
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O sismo no Haiti coloca-nos a todos nós, à escala global, perante um horror indescritível e torna mais evidente aos nossos olhos as fragilidades e as fraquezas que revelamos, ao nível mundial, quando se trata de prestar ajuda aos que são atacados pelas catástrofes. No caso do Haiti ainda bem que os EUA reagiram como estão a fazer, mobilizando os recursos que mobilizaram para ajudar os haitianos. A resposta dos EUA não tem paralelo com a de qualquer outro pais e refira-se a pobreza da resposta da União Europeia cuja incapacidade ficou mais uma vez tristemente evidenciada, sendo patéticas as preocupações do senhor Sarkozy, preocupado ao que parece com a eventual ocupação militar do Haiti pelos EUA - uma pontada anti-imperialista que o terá atacado - e com a falta de consideração pelo papel da França. Patético. Nestas alturas apetece dizer que somos todos solidários com os que ajudam de facto, sejam eles amerianos, cubanos, israelitas ou outros, independentemete das realidades políticas de cada país e das nossas simpatias.
Na realidade, e a salvo de qualquer avaliação/revisão ideológica, os sismos são fenómenos naturais.
Não são seguramente é catástrofes naturais muito menos são naturais as catástrofes que os sismos provocam. São catástrofes que, como no caso do Haiti mais uma vez ficou demonstrado, são provocadas pelas construções edificadas pelo Homem e pelas opções que os homens tomam quando se trata de decidir sobre os locais inde se pode construir, entre outros aspectos.
São essas construções que esmagam e matam os haitianos e os que lá viviam e trabalhavam, como o fizeram nos últimos anos noutros locais de Kocaeli, na Turquia em 1999, com a destruição de mais de 50% dos edificios de construção recente em betão armado e com cerca de 40 mil mortos, passando por Kobe no Japão em 1995 com 6400 mortos, peloMéxico em 1985, por Marrocos em 2004 ou por L'Aquila em 2009, podendo-se referir muitos outros casos, infelizmente.
Há consequências específicas em cada local afectado por um fenómeno sísmico potenciadas por razões naturais como as caracterisiticas dos solos mas também por razões associadas ao nível de desenvolvimento da sociedade que aí existe. Há casos em que os prejuízos materiais adquirem uma muito maior expressão do que as perdas em vidas humanas, enquanto noutros locais reduzidos prejuízos materiais se traduzem em monstruosoas perdas em vidas humanas como é o caso do Haiti. Claro que essas diferenças são muitas vezes a manifestação de diferentes níveis de desenvolvimento das sociedades e da existência de estados falhados, incapazes de organizarem de forma justa a vida dos seus cidadãos.
Mas não há uma geografia pró ou anti-imperialista que nos permita ver com mais clareza e compreender melhor este tipo de fenómenos e as catástrofes a que podem dar origem. Nem preparar melhor a resposta que os sismos deviam merecer.
Há factores humanos que relevam da acção política que potenciam o carácter catastrófico resultante da ocorrência de um sismo. Factores que resultam daquilo que se faz e daquilo que se omite. Mas existe uma desigualdade geográfica associada a diferentes características geológicas que se pode medir num risco sísmico diferente de região para região e que dentro do mesmo país nos permite diferenciar as regiões por níveis de risco sísmico.
A resposta que nos permitirá lidar melhor com este tipo de fenómenos e com as suas consequências tem que começar a ser preparada antes do fenómeno natural tornar violenta a dimensão das nossas fragilidades.
Para os Haitianos, esmagados pela catástrofe, pouco interessam estas reflexões. O que lhes importa é a mão amiga que lhes traz comida, água, assistência médica ou que os ajuda a libertarem-se dos sarcófagos de betão em que estão encurralados. A mão amiga e salvadora. Interessa-lhes o agora independentemente de todas as outras considerações. Um dia mais tarde poderão discutir essas questões. Mas há tantas coisas tão básicas por resolver. Coisas que apenas ficaram mais visíveis depois do sismo mas que já eram a imagem de marca da sua sociedade, marcada por uma pobreza extrema, pela corrupção, pela ausência de qualquer expectativa de um futuro melhor. Uma sociedade atrozmente injusta.
Em países com níveis de desenvolvimento milhares de vezes superior ao do Haiti, como o nosso, um sismo desta magnitude, com o epicentro perto de uma da falhas que atravessa o território continental, provocará uma severa destruição, traduzida em muitas dezenas de milhares de mortos e num brutal empobrecimento do país. Mas a probabilidade dele ocorrer é baixa dir-se-á. Pois é, no Haiti tinha ocorrido um sismo muito severo por volta de 1755...
Para evitar essas consequências devastadoras é necessário promover a acção baseada no conhecimento e no rigor e na exigência na aplicação desse conhecimento. É necessário que cada um de nós e a sociedade no seu conjunto saibam distinguir aquilo que é fundamental do que é acessório. Ora, como o debate público tem mostrado, sempre que se fala de sismos, ou mais em geral da edificabilidade, o acessório mostra que está confortavelmente instalado e que veio para ficar. Como dizia ontem o professor João Duarte Fonseca, no programa Prós e Contras, existe uma contradição insanável entre o elevado período de retorno dos sismos e o curto período de retorno dos políticos, que é de 4 anos como se sabe. Essa contradição tem tido consequências em áreas do conhecimento e da acção política pública que têm sido descuradas de forma chocante e cuja promoção tem que ser e é uma responsabilidade pública através dos laboratórios públicos. Por exemplo um mais apurado conhecimento da susceptibilidade sismológica das áreas mais sensíveis do território particularmente das zonas próximas das falhas que o atravessam. Ou o controlo e monitorização dessas falhas. Acresce o facto de apesar de existir um sólido conhecimento técnico e cientifico ao nível da engenharia civil na área da sismologia em Portugal, existe um caldo de cultura que torna esse conhecimento dispensável e até inconveniente para o normal dia a dia da sociedade e para a actividade normal de construção. Dispensabilidade que resulta da acção política da esquerda e da direita - irmanados da mesma ignorância - que tem diabolizado a engenharia civil portuguesa através de uma perspectiva parola e modernaça do processo construtivo e da responsabilidade, importância e nível de preparação exigível aos diferentes técnicos que nele intervêm. Falo em particular da sinistra ideia de deixar a verificação da aplicação dos regulamentos sísmicos no projecto de estruturas ao livre arbitrio dos técnicos que o podem fazer e ao interesse de quem os contrata. Uma possibilidade funesta que tem expulso do mercado, literalmente, milhares de técnicos altamente qualificados substituídos por outros de formação ... mais aligeirada.
Quando se passa o tempo a discutir a protecção civil que, no essencial, é uma paródia com a sua municipalização, abdicamos de tomar a decisão de nos protegermos. Por exemplo começando por um programa de reforço sísmico do parque escolar, como parte essencial de um programa de reconstrução das escolas. Estendendo depois essa intervenção a todos os edificios públicos particularmente os da área da saúde e indo por aí fora. E sendo implacável com as construções particulares que devem ser, na fase de licenciamento, objecto de verificação e de certificação do ponto de vista estrutual. Feito por entidades qualificadas de forma a permitir que fiquem no mercado os tecnicos mais competentes. Trabalho que não pode ser feito pelas autarquias cuja incompetência nesta matéria, e noutras, é notória.
Há, pois é, isso levava mais tempo e não dava para as eleições. É a tal questão do período de retorno. Os sismos e os políticos não se encontram neste país e isso tem sido assim quer os políticos sejam mais à esquerda ou mais à direita. A ignorância não tem sido sectária neste particular.
PS - a menos de um anúncio mais formal por parte da administração deste blogue faço com este tema sobre o qual escrevi várias vezes ao longo de cerca de 4 anos, para muito poucos leitores convenhamos, a minha última participação. Que aliás é já uma pós-participação já que a decisão tinha sido tomada algumas semanas atrás. O Pedra do Homem foi um prazer pessoal e um exercício de cidadania à maneira de cada um de nós. O resto são cantigas.
Etiquetas: sismos
Terceira vitória consecutiva coloca os “leões” a subir e já no quarto lugar
O Sporting ganhou merecidamente contra uma das equipas mais fracas da Liga. Ganhou de forma aflita porque, sem Liedson, tem dificuldades extremas em marcar um golo. Carvalhal contra dez, em casa, não hesita em recorrer à perda de tempo para segurar a vantagem. Essas dificuldades resultam da forma como a equipa ataca com uma quase ausência de jogo pelas alas.
João Pereira jogou bem, mas, sinceramente, custou caro. Pongolle, não jogou grande coisa, mas seria razoável admitir que a mais cara contrataçãodo clube desde há decadas valesse uma entrada de caras no - paupérrimo - onze titular. Sendo seguramente muito melhor que Caicedo corre o risco de se tornar no mais caro barrete alguma vez enfiado pelo clube.
Izmailov - que tem uma boa imprensa - jogou de forma sofrível. Um verdadeiro crime manter Pereirinha no banco e dar a titularidade a este russo mediano. Vendê-lo por 5,5 milhões seria o melhor negócio desta gestão, no entanto está criado o ambiente para que a sua saída seja encarada como uma acção de lesa-Sporting. Não saindo agora, sairá mais cedo do que tarde a custo zero.
Vucevic jogou o jogo todo o que é incrível. Uma exibição tola, de um jogador que apenas vê num pequeno círculo à volta de si próprio. Para alguns - caso do jornal ABola - foi o regresso do velho Vulk. Pois, velho e cansado, desprovido de ideias. Vênde-lo seria um acto de gestão notável por parte de Bettencourt.
Adrien, Moutinho, Tonel, Carriço, Saleiro - que joga bem como ponta-de-lança participando inteligentemente no jogo colectivo - jogaram bem. Não se pode dizer o mesmo de Postiga de quem não desgosto, que quase ia marcando num cruzamento-pedrada de Vucevic a que conseguiu meter a cabeça, que mostra uma considerável desinspiração.
Com este treinador e as alterações feitas a equipa melhorou um pouco mas nada de extraordinário. Julgo que Carvalhal não é o treinador capaz de construir uma equipa do Sporting para o futuro próximo.
Etiquetas: Paixões.
Revolta em surdina no PS no dia do "sim" ao casamento gay
A aprovação da lei que permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo merece um aplauso veemente "desta bancada".
A sua aprovação foi feita pela esquerda parlamentar e mostra que hoje, como nos próximos 20 anos, nenhuma alteração de fundo na nossa sociedade pode ser feita sem a participação do PS ou, mais utopicamente, contra o PS.
Sócrates tem o mérito de ter lidrado este processo. Deve-lhe ser creditado o mérito político por esta vitória da nossa democracia.
Mas, Sócrates conquista o direito a fortemente criticado por ter pretendido impor ao seu grupo parlamentar uma disciplina de voto que visava apenas e só evitar que uma parte significativa dos seus deputados votassem favoravelmente o projecto do bE, claramente o projecto mais coerente e que não exclui a adopção - o rebuçado com que Sócrates pretende adoçar a boquinha dos conservadores, cujo voto corteja.
Destaque para todos os deputados que se estiveram nas tintas para a disciplina de voto. Saliência para João Soares que mandou a disciplina de voto às urtigas. Um deputado é um cidadão livre e apenas os medíocres se deixam agrilhoar. Por muito que esteja apurada a "raça" há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não.
PS - Momento alto na história parlamentar o discurso de Miguel Vale de Almeida o primeiro deputado assumidamente gay. Uma República que tem entre os seus deputados um homem como Miguel Vale e Almeida capaz duma intervenção política desta dimensão merece mais ser levada a sério.
PS1 - A direita neste debate cheirava a mofo por tudo o que era lado. Em termos de direitos humanos, liberdades individuais, igualdade entre os cidadãos perante a lei, a direita portuguesa é contumaz: quer usar o Estado para dividir e separar os cidadãos entre os bons e os maus.
Etiquetas: Política.Direitos Humanos.
Sócrates acusa bancos de serem responsáveis pela crise
Desta vez Sócrates acerta em cheio nos responsáveis. Faltou-lhe apenas reconhecer que contaram com a cúmplice omissão dos Governos que ainda agora se manifesta, por exemplo, nas "facilidades" com que contam para pagar uma taxa efectiva de IRS muito abaixo da genralidade das empresas. Seria de mais vê-lo a reconhecer um facto cuja manutenção apenas depende da sua vontade política.
Etiquetas: Crise.Responsáveis.
Arte de Miguel Veloso faz a diferença em Alvalade
Uma vitória depois de cerca de meia hora a tentar responder de forma aflita ao melhor futebol do Braga. Mas, diga-se em abono da verdade, que por alguns períodos o Sporting jogou o melhor futebol da era Carvalhal. Pelo menos a equipa mostrou maior capacidade para correr e para lutar e viu-se um maior espirito de entreajuda entre os jogadores. Sem os reforços de Inverno que custaram um balúrdio, refira-se.
A tese de que esta equipa com alguns ajustamentos - note-se que faltou Liedson - podia render o suficiente para disputar um lugar nas competições europeias, já que o título e um lugar nas Champions é chão que já deu uvas, sai reforçada depois desta vitória. O Sporting expurgado de alguns jogadores que não prestam o suficiente para estas andanças, tipo Caicedo, e reforçado com prata da casa e alguns jogadores bons e baratos, conseguiria facilmente esse objectivo enquanto poupava os milhões que arranjou para preparar dignamente a nova época.
Tendo avançado por este caminho, espero que tenha êxito, de que duvido para lá do acesso à Euroliga.
As boas notícias dos últimos dias eram a possível venda de Veloso - que espero não seja impedida por este belo golo - por qualquer valor acima dos 10 milhões, e um eventual interesse em Izmailov. Se conseguirem comprador para Vuckcevic, que não ata nem desata e joga apenas e só para si próprio, talvez as contas se componham. Podem também juntar o Pedro Silva, o Grimi e mais uns quantos.
Etiquetas: Paixões.
Classe de Saviola quebrou resistência do Nacional e adormecimento do Benfica
Claro que sim, quem tem Saviola mais tarde ou mais cedo marca. Mas, diga-se, já antes Benquerença tinha dado a sua generosa contribuição. Na área do Benfica quem causar perigo corre o risco de ser parado por qualquer meio. Luisão - menos fogoso que David Luis - resolve ao pontapé aquilo que o seu colega resolve por arrasto. Se estes métodos clássicos não impedirem um eventual golo recorre-se "à verdade desportiva" que a tecnologia do olho humano possibilita e o tribunal da luz aceita e invalida-se o dito.
O Nacional vai para casa com razão de queixa. Como diria o Alberto João no "Contenente" trataram mal os madeirenses, claramente à margem da lei.
Etiquetas: Paixões
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.
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Vinicius de Moraes in Antologia Poética, 1960
Etiquetas: poesia
João Pereira assina 4 anos e meio
bem sei que o bom do João Pereira não vai ganhar aquilo que o Saviola ganha. Mas, infelizmente, também não joga nada que se compare.
A boa notícia é que o Sporting começou a mexer, finalmente, apostando no reforço da equipa de futebol. A má notícia é que parece ter começado pelo lado em que existiam alternativas no próprio plantel. Por prioridades o Sporting necessita sobretudo de um lateral esquerdo. Os que lá "trabalham" não prestam: Grimi -caro e péssimo - André Marques, barato mas de qualidade sofrível e Caneira - que até já jogou na selecção nesse lugar, pasme-se - que é uma alternativa credível para o centro da defesa. Na direita joga o Abel, que é bom mas tem as suas crises, e tem como alternativa o Pereirinha, que no entanto pode ser aproveitado mais à frente onde rende mais. O Pedro Silva deve ser dispensado.
No meio do campo o Sporting não necessita de ninguém. Tem jogadores que bastem e de qualidade. O Rubem Micael por 5 milhões é o maior barrete da história. O Presidente do Nacional é fino a lidar com os lagartos. Façam regressar o miúdo do Leiria mas façam-no no final do ano para o especulador do Leiria ficar a ver navios.
No ataque é que o Sporting necessita de jogadores, sobretudo de alas e de um ponta de lança para jogar com Liedson. De preferência um bom jogador canhoto que seja rápido, que cruze bem e que jogue no último terço do terreno. O ponta de lança pode ser o Carlão do Leiria que o Manuel Fernandes se fartou de indicar aos cromos do Sporting, ele que percebe de pontas-de-lança como ninguém.
Mas o problema do Sporting é que tendo pago 3 milhões por João Pereira qualquer um destes jogadores fica-lhe para cima de dois Saviolas.
PS - O João Pereira, que é um bom jogador, melhor lateral direito que qualquer um dos do Benfica e provavelmente apenas inferior ao Fucile, que é rapido e bom tecnicamente traz uma qualidade ao Sporting: ajuda a equipa a subir no terreno ela que tem tantas dificuldades em passar a linha do meio-campo, na maioria das vezes. Talvez que uma carga de trabalhos destas tenha justificado o investimento.
Etiquetas: Paixões