Até quando ficará esta data marcada na História dos Homens?
Usamo-la agora como demonstração da nossa humanidade, como expressão da política sincera ou falsamente defensora dos direitos humanos, da paz e da democracia. Usamo-la como contestação pelas formas mais radicais de crença e luta. Até quando necessitaremos de a relembrar, já que se trata sobretudo de uma necessidade. Os homens têm uma necessidade inata de se tornarem melhores, de melhorar o que está à sua volta. Mesmo os dirigentes políticos de teoria ficam sempre com a impressão que o fizeram; mesmo aqueles que usam os meios mais radicais e desprezíveis, acreditam que estão a lutar por um futuro melhor.
Hoje, como há um ano atrás, só poderei pensar como é injusto morrer-se pelas causas dos outros; como é injusto morrer-se às 7 e meia da manhã a caminho do trabalho, da escola; como é injusto morrer-se numa manhã fria; ficar com a vida incompleta, cortada, numa carruagem entre mil carruagens que passam; como é inaceitável que ainda existam seres humanos duplamente vítimas nas grandes cidades europeias.
Quando ouço o som dos sinos das 650 igrejas da Comunidade de Madrid fico emocionada pela ideia de união por uma causa e penso que esta causa passa também pelos nossos pequenos passos; por repensar o nosso olhar diante do próximo e de nos empenharmos na construção de um mundo que respeite as diferenças culturais e religiosas, no qual as pessoas tenham cultura e compaixão suficientes para que isso seja possível.


 

Pedra do Homem, 2007



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