A entrevista de Saldanha Sanches ao DN do passado dia 28 na qual afirmou que "O número de autarcas que exigem luvas para instalar empresas é assustador" deixou o Dr. Fernando Ruas, presidente da A.N.M.P. à beira de um ataque de nervos.
Vai daí "completamente ofendido" resolveu processar o fiscalista e incentivou todos os presidentes de Câmaras a fazerem o mesmo. Tanto quanto sabemos já encontrou eco junto do seu camarada Manuel Frexes, presidente dos autarcas sociais-democratas.
Saldanha Sanches é uma voz livre que merece estima de muitos portugueses que são seus leitores e que esperam encontrar nas suas crónicas, livros ou entrevistas, aquilo que as distingue: conhecimento, coragem, frontalidade e uma completa ausência de sentido do politicamente correcto. A sua entrevista é excelente e constitue uma boa oportunidade para reflectirmos todos sobre questões tão importantes como: a falsa, e estéril, dicotomia entre o litoral e o interior, ou o papel e a contribuição, positiva ou não, dos presidentes das Câmaras para o desenvolvimento das suas regiões
Caso a Associação Nacional dos Presidentes das Câmaras - um nome muito mais adequado para a ANMP - avance com um montão de processos contra o professor proponho que todos os que concordamos com Saldanha Sanches formemos uma Associação dos Munícipes Portugueses e todos nos apresentemos como suas testemunhas de defesa.
Talvez os julgamentos estivessem concluídos lá para 2025. Ainda a tempo de assistirmos à aprovação pela Assembleia da República da nova arquitectura política do poder local, com a consagração da limitação dos mandatos, dos executivos monopartidários e do reforço dos poderes das Assembleias Municipais. Assembleias essas que entretanto tinham caído em desuso e no mais completo esquecimento tendo mesmo sido objecto de alguns interessantes trabalhos de arqueologia política. Como nota de rodapé registe-se que a aprovação contará - de acordo com relatos que nos chegam do futuro - com o voto contra dos Ruas, Narcisos, Mesquitas e todos os que então totalizarão incontáveis dezenas de anos de serviço público de uma insuperável dedicação e desinteresse, se a razão dos homems, ou a Divina Providência, não se ocupar deles entretanto.


 

Pedra do Homem, 2007



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