Para curar-me, o feiticeiro
pintou tua imagem
no deserto:
areia de oiro - teus olhos,
areia vermelha - tua boca,
areia azul para os teus cabelos,
e branca, branca areia, para as minhas lágrimas.

Pintou durante o dia, e tu
crescias como uma deusa
sobre a imensa tela amarela.
E pela tarde o vento dispersou
tua sombra colorida.

E, como sempre, na areia
nada ficou senão o símbolo das minhas lágrimas:
areia prateada.

poemas dos peles-vermelhas
"mudados para português" por Herberto Helder


 

Pedra do Homem, 2007



View My Stats