Passada a "pequena crise" suscitada pela notícia sobre os "mais de mil boys" nomeados pelo Governo de Sócrates e a troca de correspondência entre Carrilho e os seus críticos aí está a decisão socrática de parar com o processo referendário em curso, para fazer baixar, ainda mais, os níveis de conteúdo no debate político.
É de trivialidades que se faz, exclusivamente, a discussão política em Portugal. Assim se caminhará até Outubro. Depois das eleições autárquicas iniciaremos um novo período de "conversa" sobre as Presidenciais. Que aproveitaremos para não discutir coisa que se veja.
No caso das eleições autárquicas o marasmo dominante é assustador. Depois de um período de discussão sobre o sistema de governo e de eleição das autarquias o debate baixou às "catacumbas" do sistema político. Jaz e arrefece longe dos olhares indiscretos e ígnaros dos cidadãos, numa qualquer "Comisssão Especializada da Assembleia da República". Que bem podia ser rebaptizada "Comisssão Especializada em Baptizados e Funerais".
A luta política na capital apoia-se sobretudo no Marketing. Cartazes num número insuportável que parece concorrerem para um único objectivo: esconder a bela Lisboa dos seus cidadãos substituindo-a pelas carantonhas dos candidatos. Poucas ideias e poucas diferenças. Afinal o poder Local, dizem vários palermas encartados, não é de esquerda nem de direita. É o poder dos homens bons da cidade. Bons em quê?
No resto do país, em regra, haverá a recondução do senhor "fulano de tal" que conta com o apoio da esquerda, da direita e da igreja. Boa pessoa. Levou os velhos do concelho a viajar pelo País inteiro. Com comida e dormida, tudo à borla. Alargou o conceito de velhice ao contrário do Governo que aumentou o período de vida activa. Velhos passam a ser todos os com mais de 55 anos. Por deliberação municipal. Mas não tão velhos que não possam viajar, comer e beber à conta das famélicas finanças municipais.
Fez algumas obras que o seu partido prometia, há vinte anos, e que sempre ignorara. Boa pessoa.E isso não se discute. Endividou o concelho para os próximos vinte anos. Grande visão e grande capacidade de sacrífico. Merecia uma estátua. Damos-lhe mais um mandato e depois logo se verá. Ainda por cima a oposição não se une e logo havia de escolher aquele candidato, com tão má cara, para derrotar um homem tão boa pessoa. E que agora começou a falar de urbanismo, de habitação para todos os estratos sociais, de desenvolvimento sustentável, de ambiente, de desburocratixzação, de rigor na gestão dos dinheiros públicos, de transparência na administração municipal. Quem se interessa por essas coisas? O que é que isso contribui para a nossa felicidade?
Onde é que vamos passear na próxima semana? Porra, ainda não tenho 55 anos.


 

Pedra do Homem, 2007



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