O Governo de Angola está chocado com o FMI. Esta instituição internacional divulgou um estudo realizado por um académico americano sobre a corrupção no País. O estudo revela entre outras coisas que "dez angolanos têm fortunas que ultrapassam os cem milhões de dólares, enquanto outros 49 têm mais de 50 milhões de dólares. À cabeça da lista dos mais ricos está o Presidente José Eduardo dos Santos, seguido de um deputado parlamentar, dois oficiais do seu gabinete, um embaixador, um antigo chefe militar, um ministro das obras públicas. Os sete angolanos mais ricos estavam todos no Governo" . Neste relatório divulgado pelo DN afirma-se ainda que "em países ricos em petróleo, mas pobres em instituições, como Angola, é no Governo que está o dinheiro". Estas coisas são chocantes num país no qual 70 % da população vive com menos de um dólar por dia. Os governantes consideram-se de esquerda e a maioria ainda devem intitular-se comunistas. Fica-lhes bem.
Esta gente fez pior a Angola do que todo o colonialismo. Em trinta anos destruíram tudo aquilo que ao longo de décadas aí foi construído em vez de terem aproveitado a independência para promoverem o desenvolvimento e o acesso de todos os angolanos às riquezas do país. A guerra foi só uma desculpa fácil. A mesma guerra que não impediu que diversos membros do aparelho de Estado sejam dos homens mais ricos do mundo.
Razão tem Pacheco Pereira acerca da denúncia das responsabilidades das cliques no poder no atraso e no subdesenvolvimento africano. A atribuição ao G8, que é como quem diz aos países mais ricos, da exclusiva responsabilidade nesse atraso é uma falcatrua política e uma desonestidade intelectual.


 

Pedra do Homem, 2007



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