Depois de Pacheco Pereira ter estabelecido a irrelevância de uma discussão sobre as Presidenciais baseada na idade dos candidatos são às dezenas os comentadores que afirmam, com a frescura de uma primeira vez: "O problema não é a idade. O problema são as ideias."
No Público de hoje, dois dos seus cronistas mais conservadores ou neoconservadores, voltam ao tema. No caso de Helena Matos trata-se de uma oportunidade para atacar de uma forma violenta Mário Soares e sobretudo as suas "velhissímas" ideias. Como termo de comparação refere os casos de Bernardino Machado e de Américo Thomaz. Se no caso do Presidente da República deposto pelo golpe de 28 de Maio de 1926, a comparação não choca no caso de Américo Thomaz a comparação é grotesca.
Grotesco é aliás o tom geral do artigo e a simplificação grosseira que é feita quer do que pensa Soares quer do seu percurso de vida. Resumir tudo a uma simples "alternativa ao capitalismo feita na companhia dos líderes corruptos do PT e de Hugo Chavez." ou afirmar que "as ideias nunca atrapalharam Mário Soares" é um descarado exercício da mais acabada falta de honestidade intelectual.
Alguma direita ainda não acertou as contas com o 25 de Abril e sobretudo não perdoa áqueles que contribuiram para o fim do velho regime. Essa é a questão que se esconde, mal, atrás do ódio que resume das palavras de Helena Matos.


 

Pedra do Homem, 2007



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