Finalmente uma coisa sensata no meio do deserto. O engenheiro Jorge Jacob, director geral dos Transportes Terrestres, contestou a peregrina ideia da candidatura de Carrilho de reduzir a metade o número de carros que entram em Lisboa. Não por ser uma ideia errada mas por ser inviável recorrendo a soluções de pura engenharia de transportes. Do estilo alargar esta ou aquela via, taxar a entrada de veículos etc.
O problema como referiu o engenheiro Jacob é do puro e simples domínio do urbanismo. É necessário acabar com a despesa brutal em acessibilidades e transportes. Feita à custa dos recursos de todos os contribuintes do país inteiro. Que muitos milhões de euros depois nada resolveu. É necessário melhorar a gestão dos recursos existentes domínio no qual está muito por fazer. Aqui sim vale a pena investir. Conseguem-se ganhos com custos reduzidos. Mas a grande mudança, que não pode ser adiada, diz respeito à devolução à cidade de Lisboa daqueles que ao longo dos últimos 20 anos dela foram expulsos. Cerca de trezentos mil segundo o Censo de 2001. Como é que se pode afirmar que Lisboa não tem um problema de povoamento?
É necessário combater a segregação espacial das populações de menores rendimentos. Combater a Lisboa elitista, para os "happy fews" capazes de aceder ao monoproduto imobiliário disponível na cidade. Caraterizado pela proximidade do rio, em zonas históricas recuperadas, com assinatura de grandes arquitectos exclusivamente para os mais favorecidos. Os outros corridos para os subúrbios, com a pequena "chatice" de serem todos os dias necessários para trabalharem.
A solução está no Urbanismo. Mas não neste urbanismo de exclusão. Esta é a discussão que faz falta. E que ninguem quer fazer.


 

Pedra do Homem, 2007



View My Stats