Vitor Matias Ferreira, catedrático de sociologia do ICSTE - já aposentado - é um dos autores à volta de cuja obra mais me detenho. Referi neste post a publicação da sua obra o "Fascínio da Cidade. Memória e Projecto da Urbanidade."
Leitura exigente a interrogar e inquietar os que com ela se deparam. A exigir reflexão e estudo. Mas uma leitura capaz de suscitar um enorme prazer.
Muito interessante a reflexão sobre "os espaços devolutos e os processos de produção urbana", sobre "a valorização fundiária e centralidade urbana das frentes de água"ou ainda a análise da relação entre os projectos de reabilitação das frentes de água e as imagens urbanas.
Interessante igualmente a continuação da reflexão sobre a relação entre a Expo 98 e o Projecto de Cidade que deveria estar associado a essa exposição.
O autor salienta que "os processos de recuperação e de reconversão das frentes de água constituem, assim, enormes desafios, envolvendo significativos investimentos financeiros muitas vezes através de entidades privadas, a partir dos quais os poderes públicos procuram lançar uma imagem dita "competitiva" da sua cidade. Significativamente, em nome deste marketing urbano, aquele relacionamento público/privado assume, muitas vezes, contornos políticos e económicos com alguma promiscuidade ou, no mínimo, pouco transparentes. O que é certo é que as frentes de água, como a cidade em geral, põem em confronto entidades que, à partida, se apresentam com objectivos quase sempre contraditórios entre si, o que deveria implicar uma avaliação crítica aberta sobre os respectivos projectos urbanos."
O que infelizmente não é costume acontecer.


 

Pedra do Homem, 2007



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