O debate foi fraco. Dominado pela dívida à GALP. A passagem pela habitação foi meteórica. Esta é uma questão central. Carmona Rodrigues argumentou, e não foi contrariado, que durante as presidências socialistas duzentas mil pessoas deixaram Lisboa para viver nos subúrbios agudizando o problema das acessibilidades. Recorde-se que os socialistas lideraram a Câmara de Lisboa entre 1989 a 2001. No período entre 1981 e 1989 foi o engenheiro Nuno Krus Abecasis que presidiu apoiado pela AD. Ora o êxodo de população de que Carmona fala, cerca de 300 mil habitantes em 20 anos, decorreu entre 1981 e 2001, de acordo com os Censos. Há claramente responsabilidades repartidas. As soluções para o futuro não ficaram claras sendo certo que os dois candidatos mostraram sensibilidade para o problema. As questões urbanísticas ainda não estão na ordem do dia. Nada foi discutido. Por exemplo os projectos para a zona ribeirinha. A questão da reabilitação urbana. Há uma falta de rigor nos conceitos que choca. Ficou por saber o que está efectivamente a ser feito. Ninguém questionou por que razão se constrói em Lisboa sem Planos de Pormenor. Maria José Nogueira Pinto domina melhor as artes da política. Falha depois quando as questões técnicas começam a aparecer. No caso do Túnel ou do Parque Mayer não passou do primeiro round enquanto o seu opositor foi, nesses processos, seguro e definitivo. Com Carmona sucede o contrário. Preparação técnica menor habilidade política. No entanto isso pode-lhe ser muito benéfico. O candidato do PSD aparentou uma calma olímpica e uma segurança que a realidade da cidade, aparentemente, não permitia sustentar.


 

Pedra do Homem, 2007



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