A questão suscitada pelo Diário Económico, e de que Vital Moreira fala, dá uma imagem apenas parcial da bandalheira que grassa no ensino superior público. Para além destas acumulações de que o Diário Económico fala e que recupera a questão dos "Turbo-Profesores", combatida e denunciada pelo movimento associativo académico no 25 de Abril, há uma outra questão que não é referida e que assume uma enorme importância: falo da prestação de serviços a diversas entidades, nomeadamente a autarquias, através de empresas criadas no âmbito das universidades. Essa situação, que levou Adriano Pimpão, então Presidente do Concelho de Reitores, a lembrar, em entrevista ao Expresso, que a missão principal dos professores era ensinar e investigar contribui para a degradação da qualidade do ensino prestado. Aliás "ensino" é coisa que vários "professores" há muito deixaram de fazer, absorvidos pelas consultadorias e pelas prestações de serviços, muitas das quais para poderem ser feitas com o mínimo de qualidade obrigariam à dedicação exclusiva. Com a agravante de que as verbas recebidas por esses trabalhos só numa percentagem muito reduzida chegam aos cofres universitários. Seria interessante que todas as universidades, ao abrigo da transparência a que estão obrigadas perante os contribuintes, divulgassem as prestações de serviços que contrataram com autarquias e as remunerações recebidas e que elas fossem confrontadas com as verbas pagas pelas autarquias no âmbito dos mesmos contratos. Neste processo há um enriquecimento ilícito à custa da universidade, da qualidade de formação dos alunos e da saúde das empresas que actuaqm nos mercados, que assistem ano após ano à retirada desse mercado de uma parte significativa dos concursos em nome de acordos celebrados directamente com universidades, leia-se com os "senhores turbo-professores". Acresce que muitos desses se despissem o traje de "professores" teriam dificuldades sérias em ganhar um concurso que fosse. É que o execesso de trabalho se degrada o corpo dos que fazem um trabalho físico não faz bem à cabeça dos trabalhadores intelectuais.
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