Jerónimo de Sousa fez campanha no Alentejo, nomeadamente em Sines e em Beja. Acusou as câmaras socialistas de recorrerem a repressão e ameaças para condicionar o voto dos cidadãos. Acusou os socialistas de pressionarem os pequenos empresários dependentes de contratos com a autarquia. Em Sines colocou a questão da honorabilidade dos candidatos falando de corrupção e dizendo que o seu candidato é um homem sério. Imagino que terá a mesma opinião de todos os candidatos que integram as listas da CDU.
Este caminho escolhido por Jerónimo de Sousa, argumentando com uma pseudo-superioridade moral dos comunistas, é uma péssima escolha. Em primeiro lugar as práticas que denuncia das autarquias socialistas - que admito possam existir num ou noutro caso, ou na generalidade dos casos - são na pior das hipótese um remake daquilo que foi a governação autárquica arrogante e sectária dos comunistas, ao longo de mais de duas décadas, no Alentejo. O condicionamento dos trabalhadores precários das autarquias, o condicionamento dos fornecedores, o condicionamento das pequenas e médias empresas, o favorecimento dos amigos, a ostracização de quadros por puras questões ideológicas ou como castigopelo exercício público da crítica, é uma imagem de marca da CDU, que ficou gravada, e que ajuda a explicar parte do atraso do Alentejo. E que permanece nalgumas autarquias nas quais os comunistas pontificam. Assim como a ascensão nas estruturas camarárias dos camaradas à revelia de qualquer mérito, logo para os lugares de topo. Nalguns casos se não existia lugar no Organigrama da autarquia para aquela formação mudava-se o organigrama. Ou a criação de lugares de recuo, nas autarquias CDU, para derrotados noutros locais. Ou o favorecimento de alguns promotores imobiliários e construtores, que enriqueceram num ápice, função das boas relações com a autarquia. Nestes aspectos a CDU não fez, nem faz, diferente de todos os outros.
Por outro lado relativamente à seriedade de cada um o melhor é estabelecer que são todos sérios, a menos que decorram investigações ou inquéritos e que alguns já tenham sido constituídos arguidos. É tudo gente séria quando não estão a rir.


 

Pedra do Homem, 2007



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