Gostei do discurso de Louçã na apresentação da sua candidatura. Saliento a sua certeira caracterização do estado da democracia. Apreciei o seu recurso a José Gil para falar da não inscrição e da apropriação do espaço público pelas classes dominantes. Gostei das suas referências às desigualdades extremas de Portugal no contexto europeu. Gostei das prioridades que definiu para o país para os próximos cinco anos. Claro que é um discurso que encerra quase um projecto de governo. Mas para quem não vai ser presidente qual o discurso a adoptar nesta campanha? Afinal se a próxima presidência vai ter, inevitavelmente, maior participação na vida política do dia-a-dia e nas coisas da governação, porque não discutir o futuro do País durante a campanha? Mas a partir da situação concreta e das políticas que importa implementar. Senão para que serve a campanha já que a Presidência serve para tão pouco?

Adenda: As cinco prioridades são a reforma do sistema de protecção social, visando a universalidade e a sustentabilidade, a reforma da justiça, uma revolução ambiental, diminuindo a dependência energética, um debate sobre a União Europeia e o conformismo a ela associado e um levantamento cultural no país, com o aumento do investimentos na cultura e a criação de públicos e condições de acesso generalizado da população à cultura.


 

Pedra do Homem, 2007



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