Para lá do reforço do caciquismo e do aumento da golpada legal e do acentuar da falta de democracia na generalidade dos concelhos - a democracia pressupõe a igualdade de oportunidades que foi muito mal tratada nestas eleições - o pior foi a campanha feita pelos líderes das oposições. Louçã, Jerónimo, Mendes e Ribeiro e Castro, com as suas diferenças, coincidiram no ataque ao Governo e às suas políticas. Trataram cada uma das suas candidaturas como um pretexto para poderem dispor de um palco para atacar o Governo. É claro que este caminho era o mais rentável pois inevitavelmente as políticas de Sócrates iriam corroer a sua base social de apoio e dificultar a vida aos candidatos socialistas. Os resultados da CDU lêem-se a esta luz. Mas no caso do Bloco esta actuação não obteve o retorno desejado. Cento e cinquenta mil eleitores não confirmaram o voto de Fevereiro. O eleitor do Bloco tem outras exigências e não aprecia ver Louçã transformado num Jerónimo com melhor aspecto. O Bloco não aproveitou para introduzir na discussão autárquica questões decisivas para a mudança e para a qualificação do poder local. Pelo contrário relativizou essas questões. Devia ter feito e acentuado essa diferença. Não o ter feito constituiu um fracasso de todo o tamanho.

Adenda: Esta análise geral não invalida o reconhecimento de que pontualmente os candidatos tenham conseguido introduzir na discussão temas muito relevantes como aconteceu, aliás, em Santiago do Cacém e com outro mediatismo em Lisboa e como não aconteceu, por exemplo, no Porto.


 

Pedra do Homem, 2007



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