Como referiu João Cravinho, aqui citado, a hostilidade manifesta das estruturas dirigentes do PS para com a candidatura de Manuel Alegre, além de feia é do domínio da pura falta de lucidez. Neste particular Jorge Coelho aparece como o mais desprovido da qualidade, pelo menos aos olhos do cidadão, já que é ele que aparece a pregar aos militantes "as regras da ordem e da virtude". Esta campanha traduz-se em votos para Alegre, como igualmente refere Cravinho, e nos cidadãos potenciais eleitores do centro esquerda - alvos de Soares e de Alegre - cria uma natural simpatia por Alegre, acentuando aquela sua bizarra, por não ser legítima, condição de candidato anti-sistema.
A este propósito, a performance de Soares esta noite foi um sinal de uma superior clarividência. Instado a comentar os problemas de Alegre com o PS, remeteu-os para o PS e para Alegre, e não diminuiu a candidatura daquele de quem se voltou a considerar amigo, remetendo para o debate dos projectos e das ideias que é aquilo que realmente lhes interessa a ambos, concluiu. Faltou este bom senso à liderança do PS para gerir melhor este processo e para, agora, não continuar a atirar lenha para cima do lume já ateado.


 

Pedra do Homem, 2007



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