Cavaco (re)afirma-se independente das vontades partidárias. Muito bem. Teve o apoio do PSD e do PP, cujos líderes foram recebidos pelo candidato para humildemente lhe manifestarem o seu apoio. Talvez seja em nome da independência do candidato que o PSD se presta a este trabalho sujo. Voltando à independência ( perdida?) do candidato convém relembrar que ele fez os trabalhos prévios para que ambos os partidos não chegassem a esta altura em más mãos. Tratou de ajudar a correr com a má moeda, como se sabe.
Eu não o considero independente de coisa nenhuma. Acho que estamos perante o candidato de toda a direita que, face a essa unanimidade, pisca o olho ao centro esquerda. Piscadela sedutora, sobretudo para os que não tiverem memória dos tempos do seu governo e das suas políticas.
Soares quer debates e acentua uma das mais evidentes debilidades do seu adversário. O candidato que nada diz, que se ausenta, que desaparece, pode tornar-se incómodo e acentuar a incomodidade com que o próprio se sente no seu papel de político a tempo inteiro.
Debater é um caminho natural. O debate é essencial na democracia. Por outro lado esta afirmação rejuvenesce a imagem de Soares, que se mostra disponível para pôr tudo em causa, arriscando-se no campo eminentemente democrático da luta das ideias e dos projectos. O candidato que admite ter tudo a provar e a esclarecer, apesar do seu passado de figura primeira do regime democrático, aposta forte.


 

Pedra do Homem, 2007



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