Soares ganhou o debate com Cavaco Silva. O seu desempenho, muitas vezes no limite da agressividade admissível, traduz uma leitura política clara das opções possíveis para quem concorre contra um adversário que se situa a uma distância tão grande nas intenções de voto.
Soares questionou a interpretação que Cavaco faz dos poderes presidenciais, mais próximo de um primeiro-ministro, e passou grande parte do debate ao ataque. Não podia fazer outras coisa. No entanto esta estratégia tem um risco: é que Soares desvalorizou muitas vezes a importância dos poderes presidenciais para a resolução das questões concretas que afligem os portugueses, o desemprego e a recessão económica. Esta postura dá espaço para Cavaco assumir um discurso baseado na confiança e na esperança, que nesta altura concreta são apetecíveis para os portugueses.
Soares ganhou mas dificilmente inverteu a tendência dominante que as sondagens expressam. Mas pode ter dado uma pequena contribuição nesse sentido, o que já não é pouco nesta altura.


 

Pedra do Homem, 2007



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