A sondagem apresentada pelo Expresso, este fim de semana, mostra que a campanha de Alegre está claramente em perda. Nada de inesperado face às circunstâncias. Sem máquina partidária por trás Alegre está em muito pior posição do que qualquer um dos seus adversários. Cavaco também afirma que a sua candidatura não é partidária, mas a máquina do PSD e a trotinete do PP lá vão fazendo o trabalhinho da campanha. Além do apoio do grande capital que naturalmente não apoia o poeta.
Mas aquilo que mais tem prejudicado Alegre são algumas das teimosiais em que se tem deixado enredar. Por exemplo nunca foi capaz de afirmar claramente quem apoiava na segunda volta, caso exista, deixando a pairar a ideia de que caso Soares fosse o representante da esquerda não poderia contar com o seu apoio. Uma posição ditada por ressentimentos pessoais.
Quanto à não comparência na votação do Orçamento, apoveitada oportunísticamente pelo PS, cometeu um erro porque criou uma clivagem que lhe retirou apoios no interior do partido. Pretendeu descolar do Partido o que foi uma inutilidade já que nessa altura era o partido que de forma gratuíta fazia, desastrosamente, esse trabalho.
No entanto nunca foi capaz de separar a sua candidatura de futuras disputas no interior do PS e isso penaliza-o. A cidadania, dificil de colar a alguém que há trinta anos faz da política o seu modo de vida, inscrita na sua candidatura não pode depois ser arma de arremesso nas lutas internas do PS sob pena de as pessoas se sentirem ludibriadas.
Nos debates tem sido repetitivo e mostrado pouca preparação o que se estranha.Nalgumas dos debates repetiu frases inteiras e muitas vezes embatucou quando confrontado com questões concretas nomeadamente sobre votações em que participou em sentido diverso do que agora defende. Por fim esta guerra com as sondagens é pouco edificante e pouco séria. Aconteceu num dia mau com a passagem para o terceiro lugar no ranking. Mas quero crer que Alegre ainda descerá mais e que dificilmente escapará ao último lugar na eleição. Até porque para si ainda faltam muitos dias de campanha, infelizmente.


 

Pedra do Homem, 2007



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