Muito provavelmente terei comprado mais edições do DN na última semana do que nos últimos anos. O novo grafismo "à la Cayatte" é bonito e torna o jornal um belo objecto possibilitando uma leitura mais agradável. As páginas ficam mais espaçosas e a arrumação das notícias convida à leitura. Não se passa a correr pelas diferentes páginas. Apetece-nos demorar um pouco em cada plano e ler.
Mas as mudanças no DN são muitas a começar pela renovação da equipa de jornalistas. Saliento a entrada do Eduardo Damaso e da Ana Sá Lopes, duas baixas de vulto no Público, que lia com regularidade no meu jornal de todos os dias. Mas também o director António José Teixeira, presença habitual na SIC Notícias quer para o debate político quer para as imperdíveis conversas com Mário Soares. No essencial quer-me parecer que o jornal vira à esquerda no sentido da esquerda que se reconhece no socialismo democrático. Marca aí uma diferença clara para o Público que paulatinamente tem feito o caminho inverso, deslocando-se desse espaço para próximo dos sectores mais à direita na nossa sociedade.
Encontro no entanto no DN uma limitação que é clássica: o jornal não abre as suas páginas à opinião pública. O espaço de opinião é ocupado pelas personalidades que o jornal contratou e depois sobram algumas cartas ao director e ponto final. Uma pecha da imprensa portuguesa que no DN está bem patente. Aqui o Público dá cartas sendo o jornal que mais interage com a generalidade dos leitores e o mais acessível à opinião.
Outro desapontamento é a rúbrica "Cidades". A designação é tentadora mas os conteúdos são desinteressantes. Não chega nem de perto ao conjunto de informação que o Público disponibiliza nas suas edições Norte, Centro e Lisboa do Local. Com a vantagem de no caso do Público existir ainda um interessante espaço para a polémica e para a opinião. Um espaço bastante aberto e plural, diga-se.
Mas se necessário fosse fazer um balanço - sem abordar o fim de semana e a supressão do DNA - seria caso para dizer que o DN está mais sedutor e mais difícil de ignorar.
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