Não é líquido que as ideias de Correia de Campos sobre o SNS sejam resultado de uma qualquer reflexão realizada no Partido Socialista. Não é claro que os partidos sejam locais nos quais se reflecte e se discute acerca de seja lá o que for. O que é certo é que as ideias de Correia de Campos sobre o SNS são as suas ideias e que elas gozam,pelo menos, do apoio do primeiro-ministro. Esta é aliás a única condição para que uma qualquer ideia oriunda de um qualquer membro do Governo chegue a ser notícia. Neste sentido as ideias dos diversos governos numa qualquer matéria são mais a expressão do pensamento e dos interesses dos grupos politicamente mais influentes na sociedade do que resultado do que pensam os militantes do partido que suporta o Governo. Só por isso é que Correia de Campos apresenta agora esta proposta depois do PS ter dito aquilo que disse do aumento das taxas moderadoras, diferenciadas segundo o IRS, propostas por Santana Lopes. É que quem deve ter vergonha é o PS que vê um seu ministro ultrapassar pela direita larga aquilo que Santana se propusera fazer e que o partido combatera. Com a diferença não dispicienda de Santana argumentar com critérios de justiça social - pagarem mais os que recebem mais - e os socialistas virem com o argumento, usado ad nauseum, do perigo de derrocada financeira do sistema.


 

Pedra do Homem, 2007



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