é o que podemos ler no editorial do Público sobre a situação do desemprego. A estafada lengalenga sobre a inevitabilidade da coisa. Neste caso condimentada com uma explicação que, no mínimo, parte de pressupostos falsos. Cito: "O drama português da baixíssima criação de postos de trabalho é cada vez mais semelhante ao de economias europeias mais desenvolvidas e ricas, como a fancesa ou alemã. Estamos num patamar diferente, inferior, mas o perfil do problema é o mesmo: economias estagnadas com níveis salariais médios que não são compatíveis com os fracos aumentos de produtividade conseguidos."
Alguém poderá explicar a Paulo Ferreira que o perfil do problema não é o mesmo e que não vivemos num país com níveis salariais médios? Nos países que o editorialista cita existe protecção social séria, fruto do vilipendiado Estado Providência de que em Portugal não se vislumbra - desde o 25 d Abril saliente-se - mais do que uma pálida amostra. Além de que essas sociedades são incomparavelmente menos desiguais do que a nossa. Somos o país mais desigual da União Europeia e não comprendo como se pode falar destas questões sem atender a este dado de partida. Quanto aos níveis salariais são os mais baixos da UE e, por exemplo, incomparavelmente mais baixos do que em Espanha, país no qual os custos da vida urbana - aquilo que os cidadãos pagam em alimentação, saúde, vestuário, casa, transportes, educação, lazer etc - são iguais ou inferiores ao nosso.


 

Pedra do Homem, 2007



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