à volta da entrevista de Freitas do Amaral ao Expresso foi, em grande parte, alimentado pela escolha editorial da Manchete feita pelo Semanário. Lida a entrevista conclui-se aquilo que já se sabia: Freitas do Amaral não ficaria particularmente chocado se fosse remodelado numa futura iniciativa do primeiro-ministro. Alega cansaço e confessa mesmo que aquilo que já fez na política lhe chega. Percebe-se que as suas expectativas, frustadas, de ser o candidato do centro-esquerda às eleiçôes presidenciais, deixaram marcas que nem o tempo apagará. Tomar estas declarações como base para iniciativas políticas ao nível parlamentar e exigências da demissão do ministro releva da baixeza a que chegou a actividade política no nosso país.
Há uma declaração política de Freitas que merece relevo e que tem a ver com a constatação da falência da direita na promoção de "uma política social de combate à pobreza e às desigualdades" em parte motivada pelas "suas ligações umbilicais aos grandes interesses económicos. Esses partidos vivem financeiramente dos contributos dos grandes interesses económicos".
É por esta razão que Freitas explica o seu afastamento do centro-direita e a sua aproximação ao centro-esquerda.
O problema, para todos nós, é o facto de em grande parte pelas mesmas razões o ministro poder começar a preparar o seu afastamento do centro-esquerda.


 

Pedra do Homem, 2007



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