Augusto[Santos Silva] não quer que as Augustas da política sejam nomeadas para os Governos de acordo com quotas pré-definidas. Admita-se que Augusto não pretende, sobretudo, garantir mais facilmente a sua quotazita, sem ter que para isso engolir mais sapos dos que aqueles que já engoliu desde que apoiou Manuel Alegre até ao momento em que se tornou um dos mais irrelevantes integrantes da corte Socrática. Esta heterodoxa posição do, habitualmente, tão quotista Augusto resulta, segundo o próprio, do facto deste, eternamente potencial, homem de esquerda não pretender limitar a liberdade de escolha do primeiro-ministro. Intimo do primeiro saberá Augusto que dessa liberdade de escolha virá o melhor dos mundos, tão grande possa ela ser, tão liberta de quotas. Estranho que nunca lhe tenha ocorrido que de uma igualmente tão grande liberdade de escolha dos eleitores pudéssemos igualmente esperar grandes benefícios. Talvez que se as quotas fossem abolidas, a começar pelas quotas que os partidos reservam aos rolhas que os enxameiam, nos pudéssemos mesmo livrar do Augusto.


 

Pedra do Homem, 2007



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