O encerramento da unidade da Opel da Azambuja com a deslocalização da produção para Saragoça - mais ou menos decidido apesar do envolvimento pessoal do primeiro-ministro é um rombo para a economia do País - 0,6% do PIB - e claro para a economia regional. Mais de mil postos de trabalho perdidos de uma só vez.
É claro que desta vez o argumento não pode ser o do costume: o da deslocalização baseada nos baixos salários de leste e do oriente. A deslocalização aocntece para a nossa vizinha Espanha um dos países emergentes da União Europeia e uma das economias mais competitivas. Um país cujo salário médio é largamente superior ao português.
Não será pela via dos custos com mão-de-obra que a deslocalização se faz. Não seria pedindo sacríficios aos trabalhadores que a deslocalização se teria podido evitar. Então o que está na origem deste acontecimento tão desagradável? Custos logísticos superiores na unidade portuguesa foi a única explicação avançada pela empresa.
Isto para dizer que existem outras explicações para estas questões e que uma economia desenvolvida com uma grelha salarial elevada pode captar investimento estrangeiro.
A culpa não é dos trabalhadores que nestas questões fazem sempre o papel do bode expiatório de todos os males do nosso tempo.
Apesar de tudo isto ainda hoje Miguel Júdice, o ex.bastonário dos advogados. na sua crónica do Público escrevia esta pérola:"(...) Todos os trabalhadores da Opel ficam a saber que,se quiserem manter os empregos, terão de fazer cedências, incrementar a produtividade, adaptar-se às condições que sepodem obter nas zonas mais desfavorecidas da Europa, actualmente a Leste.(...)"
Caso para perguntar ao Dr. Júdice se a Espanha correesponde a uma das "zonas mais desfavorecidas da Europa actualmente a Leste" e se ele sabe que a unidade da Azambuja foi nos últimos anos uma das mais produtivas da Europa? Bom a Leste fica.


 

Pedra do Homem, 2007



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