.... dir-te-ei que tipo de política executas, podia aplicar-se como uma luva à Ministra da Educação deste Governo. Os principais comentadores da direita são unânimes nos elogios a Maria de Lurdes Rodrigues e às políticas por ela propostas. Já aqui referi vários casos de artigos de opinião em que notáveis, insuspeitos de qualquer ideia de esquerda ou de qualquer simpatia pelo ideal socialista que(?) norteia o partido que suporta o Governo, não poupam elogios à actual inquilina do ministério da 5 de Outubro.
Todos acham, mas a António Borges deve-se o mérito da clareza, que ela está a atacar os verdadeiros problemas de um sector fundamental da acção do Estado. Todos acham que ela deve ser apoiada no combate que dizem travar contra as posições corporativistas e retrógadas -estou a citar - de quem se sente atingido no seu conforto e nos seus privilégios. Notável que estes ilustres, que somam e acumulam confortos e privilégios vários nas suas vidas, entendam que o combate ao conforto dos professores é vital para o futuro do país. Ou por outras palavras que o país melhorará se os professores de repente, por acção, que acham meritória, de Maria de Lurdes Rodrigues, perderem o seu conforto. Quanto valerá o conforto de António Borges ou de Proença de Carvalho? Quantos confortos de quantos professores - pagos a mil euros liquídos por mês, sem subsídio de deslocação ou de renda, apesar de deslocados para 150 ou 200 Km do seu local de residência - se podia pagar tirando um décimo do conforto a cada um deles?
Mais estranho do que o cinismo destas elites que clamam pela redução de confortos e privilégios e pela manutenção dos seus e dos que os alimentam, o que não se entende é como é possível que o PS fique confortável a assistir a esta situação.
Provavelmente porque o PS já abdicou do conforto e do privilégio de ser um partido socialista dando dessa forma a sua contribuição para afundar o país.


 

Pedra do Homem, 2007



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