O acesso ao Cabo de Sines, para quem queira aí deslocar-se, faz-se desde sempre por um caminho, como muitos outros que permitem o acesso a pessoas e viaturas à Costa do Norte. A construção da R52 não alterou essa circunstância. Nem poderia já que a relação da população com a Costa do Norte, em épocas anteriores e em parte ainda agora, se estabelece com base em aspectos associados ao lazer mas sobretudo à actividade da pesca e é materializada na utilização desses caminhos e desses acessos a cujo conhecimento todos facillmente acedem. Vem isto a propósito da obra em curso no acesso ao Cabo de Sines. Trata-se de uma obra que já se traduziu na construção de lancis e preparava, à data em que estas fotografias foram tiradas, a conclusão do acesso rodoviário. Ao cabo de Sines? Para, finalmente, tratar este acesso a um ponto notável da nossa costa, tão visitado por tantas pessoas, quer residentes quer visitantes?
Não! A segunda das fotografias dá a resposta cabal. Para tratar o acesso à residência dos administradores (?) da APS e de passagem cortar o acesso a "intrusos". Pelo menos aos intrusos motorizados.
Tanto quanto se sabe esta iniciativa não mereceu qualquer reacção por parte dos autarcas. Talvez porque parte significativa deles nunca ouviram falar do Cabo de Sines nem saibam onde fica. Conhecimento em que se equiparam oas Administradores que, na sua farta ignorância sobre a cidade, nunca lhes terá passado pela cabeça que estavam a fazer outra coisa que não a arranjar o caminho para as suas vivendas.
Bom, mas há nesta actuação um aspecto positivo: os Administradores querem, sem o poderem afirmar, evitar às pessoas o acesso ao Cabo, ou melhor ao cheiro pestilento que nos surpreende quando aí se chega, certamente em virtude das porcarias que são lançadas na água nesse local. Afinal talvez tudo isto se inscreva numa altruísta campanha de promoção da saúde pública.




 

Pedra do Homem, 2007



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