José Gil no seu livro " O medo de existir" - entretanto caído no esquecimento - falou do país da não-inscrição. Cito: "(...) Foi assim também que a vida social portuguesa, agora pacificada, normalizada, viu a não-inscrição reassumir os seus privilégios em todo o seu esplendor. (...) E se tudo se desenrola sem que os conflitos rebentem, sem que as consciências gritem, é porque tudo entra na impunidade do tempo - como se o tempo trouxesse, imediatamente, no presente, o esquecimento do que está à vista, presente.(...)"
Vem isto a propósito do que se tem passado nas últimas semanas neste país.
Revelações inequívocas de corrupção no Futebol, com os protagonistas a serem premiados com tempo de antena no prime-time da televisão pública. Alguns dos figurões aproveitam mesmo para lançar ataques aos antigos compinchas que respondem com ameaças claras. Consequências deste estado de coisas? Tudo na mesma.
Souto Moura sai de cena e deixa concluído o processo, urgentíssimo segundo o estranho léxico de Sampaio, com a acusação de dois.... jornalistas.
Um deputado da maioria - João Cravinho de seu nome- tenta inscrever na agenda política o combate à corrupção. Debalde.


 

Pedra do Homem, 2007



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