a escolha de Maria José Morgado para cordenadar o processo de corrupção desportiva conhecido por Apito Dourado é uma iniciativa cujo significado político me parece ter sido mal entendido.
Em primeiro lugar a decisão foi tomada depois de o processo - que jazia e arrefecia onde jazem e arrefecem os processos dos "poderosos" - ter sido acordado pela publicação do livro da ex-companheira de Pinto da Costa. Ora por essa altura o Governo, numa clara reacção de minimização dos custos, tinha anunciado uma nova estrutura especificamente para o combate à corrupção desportiva. Uma estrutura para o futuro. Com meios humanos e financeiros a definir no futuro.
A escolha de Maria José, a julgar por algumas reacções, até parecia ser uma escolha do Governo, uma prova da vontade do executivo de inscever a luta contra a corrupção na agenda política. Mas não foi. Foi uma escolha do nóvel PGR. Uma escolha para o imediato. Para um processo concreto. Para produzir efeitos. Para acelerar a justiça retirando-a do torpor em que se encontra mergulhada. Uma escolha política pois Maria José Morgado foi afastada pelo Governo de Durão Barroso das funções que desemepenhava na Polícia Judiciária sem que desde a sua entrada em funções este Governo se tivesse alguma vez lembrado dela para reactivar o combate à corrupção, tal como exige, para alguma manifesta incomodidade, por exemplo,João Cravinho. Uma magistrada que identifica a corrupção como uma das maiores ameaças à democracia.
Fez bem o Presidente da República quando recusou comentar a escolha aproveitando para enfatizar de quem era a responsabilidade. Uma sensatez que não podemos detectar nas declarações do ministro Alberto Costa.


 

Pedra do Homem, 2007



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