que Jorge Sampaio enviou ao encontro de eurodeputados pelo sim referido no post anterior."(...) O que está em causa neste referendo é a política criminal do Estado democrático. (...) Alguém no século XXI e na Europa pode conscientemente pretender que uma mulher que interrompa a gravidez, em condições tão precisas e determinadas, é por esse facto uma criminosa, e que o Estado a deve perseguir criminalmente, a deve julgar, a deve condenar e eventualmente enviar para a prisão. (...) Não se trata de qualquer discussão complexa e indeterminada sobre o sentido da vida, sobre o início da vida humana, sobre a natureza da vida intra-uterina, sobre a existência ou inexistência a propósito, de pretensos ou reais conflitos entre direitos humanos e direitos fundamentais. Não cabe ao Estado democrático aderir, professar ou defender, a propósito, uma singular ou particular concepção moral, filosófica ou religiosa. Nem consequentemente cabe ao Estado democrático inquirir os cidadãos sobre as concepções que cada um sustenta nesse domínio. Portanto e definitivamente por mais que alguns pretendam continuar a confundir, manipular e distorcer sobre o que está em causa neste referendo que fique claro que não é de nada disso que se trata.(...) Por isso nesta consulta popular a única questão a decidir é sobre se, sim ou não uma mulher que interrompe voluntariamente a gravidez nas primeiras 10 semanas e num estabelecimento autorizado deve ou não ser penalizada, ser perseguida, julgada, condenada e eventualmente enviada para a prisão. SIM ou NÃO!"


 

Pedra do Homem, 2007



View My Stats