O aumento dos impostos foi uma medida de emergência que visou diminuir o défice. Uma medida que contrariou uma promessa eleitoral. Quem consegue maiorias absolutas pode mandar as promessas eleitorais às malvas. Tem quatro anos para promover o esquecimento global.
O aumento dos impostos permitiu aumentar a receita, sobretudo no IVA um imposto que funciona bem porque não é cobrado pelo Estado, é cobrado pelas empresas e pelos profissionais liberais que pagam multas dolorosas, e coimas e etec, sempre que não conseguem entregar o IVA a tempo e horas. Mesmo que seja o Estado o devedor e o verdadeiro responsável. O aumento dos impostos evita a diminuição da despesa e isso pesa na manutenção dos Governos e reforça a sua possibilidade de reeleição. O aumento dos impostos faz mal à economia mas faz bem ao Governo que fica com mais dinheiro para financiar mais despesa, ou a mesma despesa com menos riqueza criada. Há muita gente que fica agradecida ao Governo, mesmo que sejam muitos mais os que sofrem com este tipo de medidas, atirados para o desemprego e para a miséria. O peso eleitoral dos primeiros é infinitamente superior aos dos segundos. Os primeiros financiam os partidos e as campanhas. Os segundos só votam ou se abstêm. O aumento dos impostos gera aumento do desemprego e da imigração. Em Portugal estes dois fenómenos cresceram como nunca desde o 25 de Abril.
A diminuição dos impostos relança a economia, permite combater o desemprego, diminuir a imigração e aumentar a receita fiscal quer pela via da tributação dos lucros crescentes quer pela diminuição da evasão fiscal.
Marques Mendes quer diminuir os impostos. Sócrates, que por enquanto não encontra nenhuma lógica na ideia, acusa Mendes de falta de credibilidade e de irresponsabilidade e utiliza Manuela Ferreira Leite que, como se sabe, é uma ex-ministra das Finanças, sempre muito estimada pelos socialistas, para quem o défice era uma obsessão.
Jean Paul Fitoussi, no tempo em que Durão Barroso ainda não tinha cavado para Bruxelas e a dr Manuela ocupava o lugar do dr Teixeira, veio explicar que aumentar os impostos, como Durão fizera, para combater o défice era deitar recessão para cima da recessão ou, dito de outra forma, deitar gasolina para cima da fogueira. Os socialistas, nessa altura, não deixaram de louvar as sábias declarações do senhor. Louvaram bem, acho eu.
Mas Sócrates, que é socialista, conhece muito bem a drª Manuela e, por acaso, nunca ouviu falar do tal Fitoussi. Bom, mas como é que podia arremessar ao Marques Mendes com o tal do Fitoussi?
Adenda: Há muita gente, que acha que é de esquerda, que sabe de ciência certa que aquilo que se tem feito é aquilo que não podia deixar de ser feito. Adoptaram o economês do FMI e sentem-se bem no interior do "fato único" de que falava Joseph Stiglitz.
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