O Prós e Contras fez uma sessão especial para discutir as vantagens e desvantagens da opção do Governo. Para isso convidou exclusivamente engenheiros incluindo o actual bastonário que se pronunciara solicitando mais estudos. Pode-se ironizar de forma mais ou menos grosseira sobre as razões que motivam a engenharia portuguesa a participar neste debate - recorde-se que estiveram presentes vários dos que acham que a opção OTA é a melhor. Mas do que se afirmou resulta claro o que já se sabe desde sempre : decisões politicas não informadas pelo melhor conhecimento técnico disponível são quase sempre decisões idiotas e sobretudo estupidamente caras.
Aliás, com quem se poderia discutir esta questão? Com professores de direito, esses grandes construtores da República? Ainda punham o aeroporto de pernas para o ar.

Adenda: Os políticos fazem durante décadas discursos em que apontam determinadas metas e objectivos. Quando têm uma oportunidade fazem em regra o contrário. Durante décadas discutiu-se a necessidade de combater a macrocefalia da parte norte da Área Metropoliana de Lisboa. Em simultâneo defendeu-se a ideia - estratégica, vidé Plano Regional da Área Metropolitana de Lisboa - de reequilibrar as duas margens. O professor Fernando Nunes da Silva defendeu com clareza esse modelo -estruturante de um reordenamento mais profundo da AML - como fundamental para a decisão entre as localzações a Norte e a Sul do Tejo. José Manuel Viegas, professor catedrático de transportes, explicou que há espaço para colocar dois aeroportos a sul e sem os ónus ambientais que chumbaram a hipótese rio Frio - que ganhou à OTA em todos os ioutros indicadores. Elisa Ferreira, que era ministra do Ambiente na data em que a questão ambiental liquidou a hipótese Rio Frio, afirmou ao Expresso: " Foram-me postas duas alternativas enquanto ministra do Ambiente: a OTA era a menos penosa em termos ambientais. Acho que o silêncio actual não é solução pois é preciso dar respostas claras. Há questões sobre segurança ou previsões de táfego que é preciso esclarecer.(...) Se a decisão Ota for uma má decisão, é bom pará-la a tempo." Pois, esta clareza deve-se provavelmente ao facto de a senhora ser engenheira e estar, por isso, desfazada dos superiores interesses da República.
Porque será que quando escasseiam os argumentos se recorre sempre ao velho argumento: "não se pode mandar calar esses senhores?"


 

Pedra do Homem, 2007



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