Para Mário Soares o dossier Sócrates não passa de uma campanha da direita para desacreditar, e até destruir, o primeiro-ministro. Tenho uma grande admiração por Mário Soares mas prefiro aquele que fala com clareza e sabedoria sobre as grandes questões internacionais e faz análises lúcidas sobre a actuação dos diferentes protagonistas. O que se envolve nas discussões sobre os desvios sofridos pela globlização ou sobre a necessidade de refundar a Europa liberta da ditadura do mercado. Aquele que é capaz de denunciar Blair e a sua terceira via e que nunca hesitou no posicionamento sobre a invasão do Iraque. Ou que critica o partido trabalhista de Israel pela sua posição na guerra do Líbano. O outro Soares, o que, quando se aproxima da política portuguesa e do seu PS, deixa a capacidade crítica perdida algures é muito menos interessante. É esse estado de menor interesse que o leva a descobrir "reformas progressistas da sociedade" onde o comum dos mortais apenas descobre uma eficaz redução de direitos aos mais desfavorecidos e uma grande indiferença perante as, aliás crescentes, desigualdades sociais.

PS - A história à volta de Ferro Rodrigues está muito mal contada. Quem terão sido os algozes?Será que o próprio corrobora a versão soarista da coisa?


 

Pedra do Homem, 2007



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