São usados com grande desfaçatez para retirar do mercado um conjunto elevado de obras, projectos e fiscalizações que, dessa forma, são "encaminhadas" para deteminadas mãos. A Administração Local usa e abusa deste tipo de procedimento. É uma das formas de acarinhar as clientelas. A Administração Central faz o mesmo e a Administração desconcentrada idem aspas, aspas, aspas. A diferença é apenas o facto de a Administração Local ter menos massa para gerir.
Desta forma as empresas que tinham boas hipóteses de progredir são literalmente esmagadas na origem. Muita da corrupção que grassa no Páis alimenta-se desta cultura.
Vem isto a propósito do trabalho de hoje de José António Cerejo, no Público, sobre a forma como se adjudicavam em pleno Guterrismo(*) obras e fiscalizações no âmbito da remodelação das esquadras ou quartéis da GNR ou de outros equipamentos. Claro que o trabalho de Cerejo é sobre as relações entre o Estado, através do GEPI do tal engº professor das quatro cadeiras de Sócrates, e o pai do primeiro-ministro que fiscalizou várias empreitadas para este dono de obra. Mas a reflexão vale para além de Sócrates e possibilita pensar naquilo que temos estado a fazer. As obras públicas deixaram à muito de ser um local de reunião de competências para passarem a ser um local de treunião de camarads e amigos. Oportunidade de ouro para dar algum a ganhar aos nossos. Os outros que se lixem.
É sempre bem ler mesmo que já se saiba à muito tempo.
(*) - Nada mudou desde Guterres. Nem com Durão nem com Sócrates muito menos com Santana. Mas quem diz Santana, diz Carmona Rodrigues, ou o senhor "fulano de tal" que gere com muita dedicação ao serviço público o seu concelho. Estas coisas não mudam, pioram. A menos que se tomem medidas sérias. Ora, isso...
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