Caro Francisco José Viegas,

É com preocupação que tenho acompanhado os rumores sobre o final de carreira do Vítor Baía, já avançado por diversos órgãos de comunicação social. Contudo, a minha preocupação transforma-se em perplexidade quando não vejo ninguém a tomar uma posição ou a opor-se a isto, parecendo já um facto consumado e, mais grave ainda, um legítimo desejo do nosso guarda-redes.

Face a isto, gostaria de saber a sua opinião sobre este assunto e de perguntar-lhe se julga ser possível a constituição de um movimento de cidadãos com o objectivo de obrigar o Vítor Baía a continuar no plantel principal do Futebol Clube do Porto. O termo "obrigar", aqui empregue, deve ser entendido como isso mesmo: OBRIGAR, independentemente da sua vontade ou daquilo que ele possa pensar. O facto de jogar a titular ou de estar no banco é perfeitamente irrelevante, até porque parece-me óbvio que ele continua a ser o titular, tendo-se simplesmente mudado para outra posição no campo. Alguém duvida que ele é melhor do que o Hélton ou que não existe outro melhor do que ele? É claro que agora não está na baliza, mas isso é um daqueles aspectos práticos do jogo que nada têm que ver com o verdadeiro interesse da equipa - alguém tem de ir à baliza, e já que o Baía está noutro local, põe-se lá o Hélton e a coisa vai. O que importa é que o Baía, quer queira quer não, esteja efectivamente presente, na relva, como guarda-redes da equipa, a participar em cada lance, a guiar os colegas e a tranquilizar os adeptos pela sua simples existência. Sem o Baía na relva - seja no banco ou à baliza -, existirá algum adepto que não se sentirá perdido, inseguro, nervoso, a perguntar constantemente: «onde é que Ele está?». Sem o Baía na relva, o Porto não é o Porto, é apenas uma equipa de futebol. E eu não gosto de futebol.

Sei que é uma pessoa ocupada, mas peço-lhe amavelmente que conceda a atenção possível a este mail e, caso concorde com ele, que o divulgue no seu blogue, encabeçando a dinamização de um movimento para a participação das pessoas nesta causa. Bem sei que o Manuel Alegre e a Helena Roseta são mais dados a estas coisas - e reconheço que, antes de lhe escrever, ponderei contactá-los -, mas parece-me que não terão muita sensibilidade para este assunto. Também pensei em iniciar esta corrente nos meus blogues e expandi-la através dos meus leitores, mas não teria o mesmo efeito: a minha mãe e as minhas primas já estão convencidas, já o meu tio torce pela segunda circular. Em todo o caso, irei copiar e publicar por lá esta mensagem, para ver o que acontece. Mas conto consigo.

Obrigado pela atenção. Com votos de bom fim-de-semana,

Cumprimentos,
Duarte Perú

http://chaprincipe.blogspot.com/
http://pedradohomem.blogspot.com/


 

Pedra do Homem, 2007



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