Vai para aí um coro imparável sobre a claustrofobia reinante na sociedade portuguesa, agora a propósito do condicionamento que esse clima cria nas empresas e nos empresários. Esta situação foi alimentada pela ocultação/revelação dos "pagadores" do estudo da CIP, que relançou o debate sobre a localização do novo aeroporto de Lisboa.
Um coro marcado pelo cinismo e pela hipocrisia. Os empresários, pelo menos aqueles que têm acesso aos orgãos de informação, caracterizam-se por uma atitude pública de servilismo relativamente ao Estado e aos políticos que estão pontualmente no poder. Atitude que é "compensada" em privado pela manifestação de um desprezo absoluto por essa gente. A razão para essa atitude é conhecida: os maiores negócios e as maiores fortunas fazem-se hoje em Portugal à custa do Estado. Sobretudo à custa das omissões do Estado ou do abuso, pela classe política dominante, do poder, que julgam deter, de distribuir os bens públicos pelas mãos privadas que muito bem entenderem.
De uma forma hipócrita, a roçar a falta de vergonha, tenta-se fazer crer que esta situação acontece apenas agora com este Governo e por força da sua acção claustrofóbica. Um suposto problema novo na democracia portuguesa.
Acontece desde sempre e já acontecia antes do 25 de Abril. Situação que tem trazido vantagens sobretudo para os empresários que fazem do bico calado uma das portas seguras de acesso ao círculo intimo do poder. Gente que, no essencial, vê os problemas do país a jusante dos seus próprios interesses. No país, como em qualquer autarquia, quem não cala não come. É assim já desde os tempos do António Oliveira.
Etiquetas: Política. Hipocrisia.