Há coisas que eu não entendo em Portugal. Vejam a convicção e a fúria com que os portugueses, neste estádio, cantam e gritam o Hino Poruguês. Lembrem-se dos cortejos que se fizeram ao autocarro da Selecção, as lágrimas e a esperança toda direccionada para um único sentido quer no Europeu, quer no Mundial de Futebol. Um único propósito, vivido de uma forma derradeira, como se nada nos sobrasse se perdessemos, se a fatalidade nos alcançasse.
Há sempre a fatalidade. A fatalidade e o lamento. A fatalidade que nos desculpa e o lamento que nos ausenta. Enquanto nos lamentamos com o problema, não temos que fazer muito para o resolver, resolve-se com o tempo...
Mas, voltando ainda ao futebol, há um outro pormenor: que outro povo grita com tanto fervor o nome do seu país? “Portugal! Portugal!” Pergunto-me que convicção é esta? Deve ser a convicção de quem está sentado, claro. Que nacionalismo é este se cá fora das portas do estádio a malta continuar a querer “safar-se” e a atropelar o país com a soloia pretensão do ter e do poder. Continuamos, sem qualquer vergonha, sem civismo, sem respeito pelo País a nossa medianazinha vida de esperteza grosseira.
E em contraposição, que outro país faz tão rapidamente de alguns dos que se destacam (normalmente, primeiro lá fora) seres quase míticos, verdadeiros heróis na eternidade "que levam o nome do país mais longe"? Sim, porque nem sempre os admiramos pela obra, por aquilo que são, mas primeiro porque engrandecem o nome de Portugal.


 

Pedra do Homem, 2007



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