Ruben de Carvalho começou com muitas dificuldades na campanha por Lisboa. Dificuldades segundo os resultados das sondagens, diga-se. Mas de uma coisa Ruben não se pode queixar: o "seu" secretário-geral esteve sempre presente na campanha, dando o braço ao candidato e definindo desde o ínicio a estratégia da CDU: alianças com o partido que governa o país estão fora de hipótese.
Ruben de Carvalho sobe nas sondagens e distancia-se, de forma clara, de Helena Roseta e de Sá Fernandes que cai para o último lugar - bom, fica acima do CDS, um fraco consolo - e alcança um resultado que representa uma perda de cerca de um terço dos eleitores que votaram Sá Fernandes nas últimas eleições. Há alguma "estabilidade" neste resultado.
Na campanha de Sá Fernandes acumulam-se um conjunto assinalável de equívocos. Em primeiro lugar a campanha decorre "doucement", sem a presença visível dos mais destacados dirigentes do BE, em particular de Francisco Louçã. Ausencia tanto mais estranha se pensarmos que o mesmo dirigente terá declarado recentemente que o BE mede-se pelos resultados que alcança e afirmado mesmo que o seu combate nesta altura era o apoio a Sá Fernandes em Lisboa. Em segundo lugar o BE tem passado o tempo a por-se a jeito para uma aliança com o PS para governar a cidade. Esta "disponibilidade" leva a uma perda de capacidade crítica relativamente ao Governo e à candidatura do PS -com responsabilidades na gestão da cidade no passado recente e no estado a que ela chegou - e parece que não agrada a uma parte significativa do seu eleitorado que opta por mudar de ares. Em terceiro lugar a candidatura coloca-se no domínio da "unipessoalidade" com o infeliz slogan do "Zé faz falta" que remete para a reeleição do Zé e, vagamente, de alguém, não se sabe quem, que podia ir por arrastamento. Em quarto lugar a candidatura nunca foi capaz de lidar de uma forma clara com a candidatura de Helena Roseta. Sendo certo que os estragos eleitorais provocados pela candidata ex-socialista seriam sempre relevantes havia formas de as minimizar. Propor uma "unidade" foi um passo em falso mas depois o tiro não foi corrigido. Só nas última intervenções de Sá Fernandes apareceram as primeiras críticas à candidata. Em quinto lugar o candidato do BE - é uma candidatura de um independente apoiado pelo BE, não é uma candidatura independente - hipervaloriza o "Plano Verde" do Gonçalo Ribeiro Telles em detrimento de aspectos concretos, muito mais sentidos e relevantes para o dia a dia dos cidadãos, relativamente aos quais as suas propostas até são muito interessantes e transmite a ideia de que a candidatura fez uma espécie de uma OPA sobre o MPT , uma organização a que pertenceu, não sei se ainda pertence, o arquitecto paisagista e que funcionou anos a fio como o apêndice ecológico do PSD e da direita. MPT que tem uma candidatura a Lisboa que elege como prioridade o ... Plano Verde do Gonçalo Ribeiro Telles.
Ninguém lança uma OPA sobre uma coisa que não vale nada no mercado, seja lá que mercado for. O Joe Berardo podia explicar isto com um assinalável conjunto de exemplos.

PS - Um bom resultado no dia 15 de Julho apaga todas as críticas possíveis e os erros cometidos. Mas os bons resultados são dificieis quando o trabalho, apesar de muito, não é bem feito. Analisar resulados eleitorais a partir de sondagens implica alguns riscos. Mas quem quiser pode sempre optar por fazer prognósticos apenas depois do jogo.

Adenda: Este post foi feito a partir da sondagem publicada no Público. Mas existe uma segunda publicada no DN. No entanto a análise, como aqui se refere, faz mais sentido se compararmos a evolução das sondagens feitas pela mesma entidade.


 

Pedra do Homem, 2007



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