Inevitavelmente o "modelo" de Barcelona apareceu na campanha eleitoral para a câmara de Lisboa. Nas últimas eleições foi pela mão de Carrilho que o modelo fez a sua aparição agora foi António Costa. Pode parecer que o "modelo" é uma marca registada dos socialistas. Pascual Maragal o socialista, ex-autarca de Barcelona e Presidente da Catalunha, já cá esteve a dar uma força a Costa.
O modelo de Barcelona arrisca-se a continuar a aparecer nas próximas campanhas eleitorais, curiosamente, à revelia de qualquer discussão sobre a sua essência. O que significará o tal "modelo de Barcelona"? A mudança de paradigma urbano que, no final dos anos setenta, num cenário de penúria financeira da autarquia e da região, centrou o desenvolvimento urbano na valorização do espaço público, recuperando muitas das ideias originais de Cerdá, e na recusa do urbanismo dos produtos urbanos submetido às dinâmicas e aos interesses da grande promoção imobiliária? Ou o "modelo" é o que emergiu com o Fórum 2004 com os interesses privados a condicionarem decisivamente o modelo de desenvolvimento urbano? Os criadores do "modelo" são hoje os maiores críticos da evolução verificada. Jordi Borja em primeiro lugar. A discussão na cidade, na universidade, na Internet e nas milhentas organizações existentes numa cidade compacta [tem uma densidade de 153 habitantes por hectare, isto é, quase três vezes e meia a densidade de Lisboa que é de 67 habitantes por hectare para áreas semelhantes (96 lm2 em Barcelona contra 85 Km2 da capital portuguesa] e plural [a perda de população da capital portuguesa não afecta igualmente todos os grupos sociais e isso diminui a sua pluralidade] como Barcelona ainda é, vai acesa. Por cá quer-se aplicar o "modelo", ponto. Qual modelo?


 

Pedra do Homem, 2007



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