O auditório do CAS teve esta noite o seu momento fundador. Na "urna" projectada pelos irmãos Mateus. José Mário Branco deu um espectáculo inesquecível. Nunca neste lugar actuou um artista desta dimensão. Nunca aqui se escutaram sons desta beleza e palavras como estas. Alguem que nos afaga e nos desafia, que nos encanta e nos incomoda, que nos enternece e que nos convida à revolta. Alguém que nos canta os melhores poetas e que os valoriza com a sua arte. Alguém que com a sua voz - belíssíma e rejuvenescida - e a sua viola nos canta as palavras certas, as palavras justas, as palavras raras. Um artista com uma técnica e uma estética que fizeram dele o compositor mais importante da música portuguesa dos últimos quarenta anos mas, sobretudo um artista com uma ética que fazem da sua arte uma arte reconhecível, uma arte nossa, de todos nós.
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