Vitor Constâncio em entrevista ao Diário Económico avalia a provável influência da crise do subprime em Portugal. Confrontado com as afirmações de Teixeira dos Santos, convencido de que a crise do subprime não afectará a economia portuguesa, Constâncio esclareceu, reticente, que "(...)o ‘subprime’ não. O Banco de Portugal fez um levantamento da exposição directa e indirecta dos bancos nacionais ao ‘subprime’ e, no conjunto, é praticamente sem expressão. Se o problema na economia mundial fosse apenas o ‘subprime’, seria absorvível sem grandes consequências. O problema é que tudo isto foi titularizado, objecto de derivados e vendido em todo mundo e, logo, ninguém sabe quem é que vai ter as perdas e em que dimensão. É esta falta de informação e de transparência que está a criar o problema.(...)"
Desculpe, importa-se de repetir? Falta de informação e de transparência nos mercados financeiros à escala global? Quem diria.
Se lerem a entrevista encontrarão várias vezes uma expressão: "ainda não sabemos", ou "ainda não há dados". Animadora esta ignorância sistemática vinda do lado da suposta erudição.
Quanto à implicação da crise financeira na economia mundial Constâncio condiciona-a à duração da mesma. Instado a esclarecer o tempo que poderá ser tão curto que implique uma não influência negativa na economia, Constâncio diz que não sabe. Mas esta questão da duração do fenómeno é importante já que, tal como nos sismos, no caso de se prolongarem muito, os efeitos devastadores potenciam-se. Talvez por isso alguns analistas escrevam que estamos perante um sismo de grande magnitude no sistema financeiro internacional.


 

Pedra do Homem, 2007



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