A ler, obrigatoriamente, esta entrevista de João Cravinho sobre a evolução do País e do Sistema Político. Cito algumas das frases fortes que muitos dos que vivem neste país não terão dificuldades em subscrever:
Sobre o combate à corrupção - "(...) Fui até ao limite do que podia. Após um processo longo e muitas discussões, formei uma ideia sobre as razões das divergências profundas (...) entre mim e a direcção do grupo parlamentar em questões fulcrais. A primeira tem que ver com um juízo político e ético sobre a situação da corrupção em Portugal e o seu efeito corrosivo sobre o funcionamento das instituiçõe democráticas. Penso que é um fenómeno grave, extenso e sem mecanismos de contenção à altura.(...)Mas também não estávamos de acordo sobre a natureza do fenómeno. Prevaleceu no debate uma noção eminentemente policial da corrupção.(...) Só que a corrupção como fenómeno novo, associado à globalização, torna a concepção policial obsoleta.Um dos nossos grandes problemas é a corrupção de Estado, a apropriação de órgãos vitais de decisão ou de preparação da decisão por parte de lóbis.(...) Foi um dos maiores choques da minha vida ver que aquela matéria causava um profundo mal-estar, era como que um corpo estranho no corpo ético do PS.(...)"
Sobre a actuação do Governo - "(...) Há anos que a governação em Portugal é neoliberal, com mais ou menos consciência social. O problema não está nas políticas sociais, mas na adopção da ideologia neoliberal como matriz.(...) Não pode estar a promover-se uma pseuso-economia de mercado, em que o Estado serve de muleta aos grandes e até aos pequenos negócios. Muitos acham que deve ser essa a originalidade do neoliberalismo à portuguesa.(...)"
Sobre as relações Governo-Presidente da República. - "(...) O regime está de tal modo fragilizado que, em certo sentido,o prof. Cavaco Silva, em conjugação com o engº Sócrates, funcionam como uma cavilha de segurança suplementar da granada em que está a transformar-se o nosso sistema político.(...) Mas o que está a perguntar é se existe uma nova forma de bloco central. De certo modo, sim.(...)"
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