As Novas Fronteiras foram sempre um remake do movimento que Guterres lançou e que contribuiu para a sua vitória em 1995. Um remake com mais, muito mais, show off e menos, muito menos, conteúdo. Afinal Guterres, com a sua imagem pouco apelativa, era quele que dizia que "a minha imagem é o meu conteúdo". Imagine-se Sócrates reduzido ao seu conteúdo.
Vem isto a propósito de mais uma edição do "Fórum Novas Fronteiras" que serviu, desta vez, para assinalar a positividade do "Saldo da Balança Tecnológica" facto inédito neste País e expressão fiel da excelência deste governo e desta governação, passe a ironia. Claro que esta edição do Fórum foi marcada, no sentido literal do termo, pelo facto de terem aparecido algumas sondagens e ter ocorrido uma manifestação que visaram o Governo. Daí a necessidade de alguém fazer o papel de defensor do Governo. Segundo parece coube a António Vitorino a urgente tarefa. Uma boa escolha, sem dúvida: se existe alguém neste país vocacionado para a defesa dos interesses é António Vitorino. Ora, o Governo é desde há muito um interesse que paira acima, e longe, do interesse da generalidade dos portugueses. Da generalidade mas não de todos acentue-se: a desigualdade social não pára de crescer, embora o assunto não tenha sido discutido no tal carcomido Fórum.


 

Pedra do Homem, 2007



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