O ministro da saúde gozava de uma imagem de elevada competência na área da saúde. O que não se sabia era que o senhor defende uma concepção do sistema nacional de saúde pouco nacional, com uma forte participação dos privados, legitimada por supostas preocupações economicistas e que ao mesmo tempo revela pouca ou de nenhuma convicção na defesa da universalidade do acesso aos cuidados médicos, independentemente da situação económica do cidadão.
Com base nas agruras económicas do pais o ministro implementou um conjunto de medidas que visariam eliminar desperdícios mas que se traduziram na diminuição de direitos de muitos cidadãos e na crescente dificuldade no acesso.
Extraordinário é que neste contexto o Tribunal de Contas venha dizer-nos que as contas vão de Mao a Piao piorando sobremaneira e que, espanto supremo, os hospitais de gestão empresarial tenham apresentado resultados miseráveis. Que os hospitais públicos tenham triplicado o tempo de pagamento aos seus fornecedores não nos espanta. Afinal este Estado se sabe fazer alguma coisa bem feita é criar boas condições de negócio para algumas famílias.


 

Pedra do Homem, 2007



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