Mário Soares volta e meia lá dá a sua entrevista. Grandes entrevistas - veja-se o espaço que lhe dedica hoje o DN - mesmo se os interlocutores não estão à altura do entrevistado.
As últimas diferem das mais antigas - refiro-me ao período em que o PS estava na oposição - pelo facto de a análise que Soares faz do mundo não a poder depois aplicar à situação em Portugal. O PS no Governo condiciona, e de que maneira, a análise de Soares.
Soares diagnostica como poucos o que o neoliberalismo tem feito à escala global e os perigos que a adopção generalizada dessa ideologia representa para a humanidade. Depois, quando se remete ao nosso país, Soares arrepia caminho e opta por elogiar a determinação de Sócrates e o que foi feito, embora não deixe de avisar que gostaria que "o PS agora se voltasse um bocadinho mais para a esquerda. E quando digo que é preciso que faça trabalho no sentido de dialogar com os sindicatos, e do mundo do trabalho para resolver problemas graves como as desigualdades sociais e a pobreza, estou a dizer uma coisa muito concreta que é o que vai ao encontro das aspirações populares.(...) Hoje, há um bispo que veio dizer, e muito bem, em nome da Igreja, que é prciso lutar contra a pobreza. E a Igreja também. As igrejas, não só a Católica. É indispensável, não podemos continuar assim(...)"
Mesmo quando refere a expansão da vaga neoliberal e a contaminação dos partidos, mesmo os da área da social-democracia, o acusado é, como sempre, Tony Blair e são evidentes as suas dificuldades em estender a crítica aos actuais dirigentes socialistas portugueses, optando por centrar as críticas em .... António Guterres.
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