O título deste post vai beber a um artigo de opinião do distinto economista Kenneth Rogoff, professor em Harvard e ex-economista chefe do FMI, publicado no Público do passado dia 14, cujo título era " Grandes fortunas, grandes disparidades". A tese que o senhor defendia era, basicamente, a de que as disparidades nos rendimentos são uma inevitabilidade e que em economia é muito improvável conseguir equilibrar eficiência com equidade. O artigo aproveita para apresentar algumas das soluções disponíveis para melhorar as coisas. Salientam-se a inevitável " abertura dos mercados" e a "reforma fiscal" que consistiria em não tributar as grandes fortunas . Escreve o senhor que a "globalização não é favorável à tributação da riqueza - lógica punitiva - e sim à adopção de uma "flat tax", isto é , um imposto único sobre o rendimento (ou, melhor ainda, sobre o consumo) que contemple a possibilidade de isenção.(...)". Perceberam?
A pensar nestas coisas da globalização, mas a partir de uma outra perspectiva, Joseph Stiglitz - um economista que os actuais líderes do PS não lêem - no seu último livro "Tornar eficaz a globalização" - edição da ASA, de Outubro de 2007 - escreve a dado passo: " A liberalização do mercado de capitais e do comércio eram dois componentes críticos de uma estrutura política mais ampla, conhecida como o Consenso de Washington (...). Realçava a racionalização do Estado, a desregulamentação e a rápida liberalização e privatização. Pelos primeiros anos do milénio, a confiança no Consenso de Washington começou a esgarçar (...). O Consenso tinha, por exemplo, dado uma atenção demasiado reduzida a questões de equidade, emprego e concorrência, ao ritmo e à sequência das reformas, o ao modo como as privatizações eram conduzidas.(...)"
Adenda: o tema das grandes fortunas, da iniquidade na distribuição dos rendimentos e da globalização, quer ela funcione quer não, são temas inequivocamente natalícios.
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