Henrique Neto é um empresário raro entre os seus pares portugueses. Pela forma desassombrada como analisa a evolução do país e pela forma como ao longo dos anos deu mostra de uma grande independência relativamente às actuações do seu partido. Como se sabe isso custou-lhe não ter sido convidado a integrar a lista de deputados.
Recordo um debate público promovido pelo Grupo Parlamentar do PS, no tempo de Eduardo Ferro Rodrigues, sob o lema das “Novas Políticas para a Competitividade” e um em particular dedicado ao tema “Uma nova relação entre território, competitividade e acção pública” com a participação de João Ferrão, actual secretário de estado das cidades, e Raul Lopes, professor de economia no ISCTE e autor do livro ”Competitividade, Inovação e Territórios”. O debate que contou com a participação de muita gente teve em Henrique Neto um dos mais cépticos com a actuação final do Governo de Guterres, quando o ministro José Sócrates deu inicio aos programas Polis e a outras aventuras.
Quando escutei Henrique Neto esta semana, no programa da SIC Notícias "Negócios da Semana", recordei-me dessa sessão. Não sei quanto empresários existirão capazes de intervirem como ele o fez explicando porque razão a especulação imobiliária e fundiária – que permite a alguns acumularem fortunas gigantescas com muito pouco esforço e mérito - e a falta de uma política de solos são a principal razão para o sobreendividamento das famílias, uma situação dramática mesmo do ponto de vista da actividade económica normal. Ou criticar o modelo de desenvolvimento baseado no turismo e na mão-de-obra barata e sem direitos que sofreu grande estímulo com este governo e com os famigerados PIN.


 

Pedra do Homem, 2007



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