Um outro aspecto que esta entrevista revela é o conformismo que caracteriza o actual Ferro Rodrigues. Instado a comentar a situação política actual faz no essencial a apologia do que tem sido feito. Recusando embora a crítica ao consulado de Guterres como a antítese do actual e criticando a arrogância de Sócrates e do seu Governo acaba por manifestar a sua convicção de que não há alternativa ao modelo actual. O Ferro Rodrigues que achava que o défice das contas públicas não devia ser a questão central da política portuguesa mudou de opinião. Ou pelo menos assume que a sua percepção estava parcialmente errada. Uma evolução desinteressante no momento em que são cada vez mais importantes as críticas ao modelo adoptado pela UE de consolidação das contas públicas e à intervenção do Banco Central.
Na questão europeia posiciona-se contra a realização do referendo com base na dificuldade de se entender o tratado e numa previsível grande abstenção. Mas, dentro de 3 ou 4 anos acha bem que os portugueses se pronunciem sobre a continuação ou não na UE.
Ferro Rodrigues mudou e aproximou-se de uma posição mais centrista. Os tempos em que parecia ser uma possibilidade real de liderança com um cariz mais social-democrata ficaram definitivamente para trás e pelos vistos não voltam mais.
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