O excelente artigo de José Gil, na Visão desta semana, sobre a crescente predisposição para a participação dos cidadãos portugueses no espaço público e a reacção em sentido contrário de dois protagonistas principais: o Governo e os media em particular a televisão. Cito: "(...) Tenuemente, insensivelmente, os cidadãos portugueses manifestam-se. No plano que nos interessa -da micropolítica -, os debates e fóruns nas rádios, as cartas aos jornais, os artigos na imprensa, os blogs vão formando um espaço cada vez mais vasto e importante onde são diriamente discutidos, em publico e em pormenor, os problemas decisivos do Pais.(...)
No entanto, apesar destes avanços, duas forças essenciais remam em sentido contrário: a política tendencialmente autoritária do Governo, e o poder dos media em particular da televisão.
(...) lembremos apenas que não se abre o espaço público quando se gera medo, quando se instala uma nova burocracia e, sobretudo, quando se tem aversão à própria noção de espaço público ... este Governo não gosta simplesmente de discutir com o povo(todos nós). Por outro lado, o homem português que o regime Sócrates está a produzir, enquanto indíviduo "isolado" não é de molde a exprimir-se no espaço público.
A segunda força que impede o alargamento do espaço público é a televisão.(...) A televisão encolheu o espaço público nacional e age mesmo como um agente tácito de censura. Vivemos numa "democracia autoritária mediática".
Forças contra forças. Uma situação paradoxal paralisa hoje o espaço público português: enquanto se alarga no seu conteúdo, nos seus temas, na sua vontade (subterrânea) de expressão, quer dizer na sua própria substância, vai-se estreitando cada vez mais a área formal da sua manifestação. É evidente que uma tal situação não se pode manter por muito mais tempo."


 

Pedra do Homem, 2007



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