Quem se recorda desta ideia surgida durante a última campanha eleitoral? Parece que afinal a ideia tinha pernas para andar.O Governo aprovou hoje a "Resolução que aprova os objectivos e as principais linhas de orientação da requalificação e reabilitação da frente ribeirinha de Lisboa inscritos no documento estratégico Frente Tejo" e o "Decreto-Lei que constitui a sociedade anónima de capitais exclusivamente públicos Frente Tejo, S. A., e aprova os respectivos Estatutos" e vai convidar Júdice para presidir a essa sociedade.
A Câmara de Lisboa fica a leste desta sociedade porque, ao que parece, não tem dinheiro para nela participar. Mas digam lá, a ideia não era tomar uma posição política de príncipio que consistia em devolver a frente ribeirinha à cidade? E uma ideia dessa relevância pode ser posta em causa por dificuldades financeiras da autarquia? Esta parte da cidade vai ou não ficar - ou continuar - governamentalizada? Ficará melhor ou pior do que anteriormente? A julgar pelo que se sabe a melhor resposta é : não sabemos. Nesta altura, num processo desta natureza, o que não devia escassear era informação. Informação sobre os objectivos da sociedade e da intervenção urbanística que se propõe concretizar. Aliás, quem irá aprovar essa intervenção? E a participação dos cidadãos como se concretizará?
O afastamento da Câmara deste processo torna bizarra a declaração de Sá Fernandes de que o ex-bastonário não será mais do que "um capataz da câmara cujas ordens irá executar" (edição do Público de hoje). A Câmara não vai mandar nada na frente ribeirinha o que equivale a dizer que os lisboetas não serão vistos nem achados sobre esta questão. O Governo manteve a governamentalização da frente ribeirinha, depois de ter anunciado o seu fim, passando a estar directamente envolvido na gestão por interposto capataz.

PS - ressalvar que três vereadores tiveram a sensatez de pretender votar a nomeação de Júdice: Sá Fernandes, Helena Roseta e uma vereadora da lista de Roseta.


 

Pedra do Homem, 2007



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