Eu pertenço ao grupo dos que estão obcecados com os lucros da GALP. Quando olho para lucros de 1,2 milhões de euros por dia sinto que me estão a mexer no bolso de uma forma violenta. Sou dos que pensam que estes lucros são ilegítimos porque eles ocorrem vampiriziando os aumentos dos custos dos factores para fazer os consumidores pagar cada vez mais. Sou dos que julgo que nesta matéria dos combustíveis não há qualquer vislumbre de mercado porque existe um número muito limitado de empresas que podem por e dispor acerca dos preços. Em tese existe o Governo que pode controlar as empresas mas que, como se sabe, não quer. Sócrates acusa Louçã de estar obcecado com os lucros da GALP. Não é só Louçã que está justamente indignado (é esta apalavra certa, é este o sentimento que Sócrates, infelizmente, não sente): muitos portugueses acham que esses lucros saiem dos seus bolsos, representam um assalto às suas economias e significam uma violenta redução das suas poupanças. Os mesmos portugueses acham que este primeiro-ministro não só é cumplice desta situação como de forma leviana pretende desdenhar DE quem de forma séria a coloca no centro da discussão política.


 

Pedra do Homem, 2007



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